Atenção letristas e compositores gaúchos e brasileiros.
A 4ª Esquila e Vindima do Canto Gaúcho, festival da cidade de Encruzilhada do Sul, em seu regulamento, oferece uma premiação no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), mais o Troféu Almirante Negro, para os autores da Melhor Canção Sobre o Marinheiro João Cândido, conhecido como Almirante Negro.
Na intenção de incentivar aos autores a criarem obras sobre o referido tema, apresentamos a seguir, à titulo de colaboração, uma breve biografia do encruzilhadense João Cândido.
O MARINHEIRO JOÃO CÂNDIDO
Nascido no dia 24 de junho de 1880, na localidade de Coxilha Bonita, no vilarejo Dom Feliciano, à época pertencente ao 5º Distrito de Encruzilhada do Sul, João Cândido Felisberto foi militar da Marinha de Guerra do Brasil
e acabou protagonizando um episódio marcante da história do Brasil, ao liderar a Revolta da Chibatta, ocorrida no ano de 1910.
Bem antes disso, aos 13 anos de idade,
ele integrou-se às tropas do General Pinheiro Machado, na Revolução Federalista, em 1893.
No ano seguinte, apresentou-se na Companhia de Artífices Militares e Menores Aprendizes no Arsenal de
Guerra de Porto Alegre.
Em 1895 foi transferido para a Escola
de Aprendizes Marinheiros, em Porto Alegre. Em dezembro do mesmo ano, foi para a então
capital federal, Rio de Janeiro, para exercer a função de grumete (aprendiz) na Marinha do
Brasil.
Em 15 anos de carreira na Marinha
de Guerra, participou
de várias viagens pelo Brasil e por vários países do mundo, no início recebendo
instrução, depois, dando instrução de procedimentos de um navio de guerra para
marinheiros mais novos.
A partir de 1908, centenas
de marinheiros foram enviados ao Reino Unido para acompanharem o final da
construção de navios de guerra encomendados pelo governo brasileiro. Em 1909, João Cândido também foi para lá enviado, onde tomou conhecimento do movimento
realizado pelos marinheiros russos em 1905, reivindicando melhores
condições de trabalho e alimentação.
Na volta ao Brasil, os marinheiros que estiveram na Grã-Bretanha para
acompanhar a construção dos encouraçados Minas Gerais e São Paulo, e do
cruzador Bahia, iniciaram um movimento conspiratório com vistas a tomar uma
atitude mais efetiva no sentido de acabar com o uso da chibata e outros castigos
físicos impostos aos marujos pela Marinha de Guerra do Brasil.
Diante da
inexistência de providências efetivas para o fim das punições físicas exageradas, mesmo
após a audiência de João Cândido no Gabinete do presidente Nilo Peçanha, os marinheiros decidiram iniciar um levante pelo fim do uso da chibata.
Na noite de 22 de novembro de
1910, os revoltosos tomaram inicialmente o navio Minas Gerais. O confronto ocasionou
as mortes do comandante da embarcação e mais alguns oficiais.
Diante da gravidade
da situação, João Cândido, por ser o
marinheiro mais experiente e de maior trânsito entre marujos e oficiais, foi indicado pelos demais líderes da rebelião, como o
comandante-em-chefe de toda a esquadra revoltada, já composta por seis navios, dentre
eles os dois encouraçados fabricados na Inglaterra, considerados os mais
potentes do mundo à época: Minas Gerais e São Paulo.
Por quatro dias, quatro navios de
guerra apontaram os seus canhões para a Capital Federal: Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Deodoro.
João Cândido acaba controlando o motim,
faz cessar as mortes, e reivindica a abolição das torturas corporais na Marinha
de Guerra brasileira.
A revolta terminou com o
compromisso do governo federal em acabar com o uso da chibata na Marinha e de
conceder anistia aos revoltosos.
Entretanto, em 28 de novembro,
dia seguinte ao desarmamento dos navios rebelados, o governo promulgou um
decreto permitindo a expulsão de marinheiros que representassem risco,
descumprindo assim o que havia sido prometido pelo presidente brasileiro, Hermes
da Fonseca, recém empossado.
João Cândido tornou-se muito admirado
pelos companheiros marinheiros, que o indicaram por duas vezes para representar
o "Deus Netuno" na travessia sobre a linha do equador, e muito
elogiado pelos oficiais, por seu bom comportamento e pelas suas habilidades principalmente
como timoneiro.
No entanto, em 1912, João Cândido foi expulso da Marinha. Sofreu grandes privações, vivendo
precariamente, trabalhando como estivador e descarregando peixes na Praça XV,
centro do Rio de Janeiro.
Porém, em 1959, o
então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, concedeu a João Cândido
uma aposentadoria de dois salários mínimos, com a qual sobreviveu até o
final da vida.
Em 25 de março de
1964, João Cândido foi aclamado patrono da Associação de Marinheiros de
Fuzileiros Navais do Brasil.
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Estátua de João Cândido, no centro da cidade do Rio de Janeiro |
Ainda na música, a
biografia de João Cândido serviu de inspiração para os enredos de diversas
Escolas de Samba do Carnaval do Rio de Janeiro.
Em 22 de novembro de
2007, aniversário de 97 anos da Revolta da Chibata, foi inaugurada uma estátua em
homenagem ao Almirante Negro, nos jardins do Museu da República,
antigo Palácio do Catete, bombardeado durante a revolta.
Em 24 de julho de
2008, 39 anos depois da morte de João Cândido Felisberto, publicou-se no Diário
Oficial da União, a Lei Nº 11 756 que concedeu anistia ao líder da Revolta
da Chibata e a seus companheiros.
No dia 7 de maio de
2010, a Transpetro batizou o primeiro navio petroleiro produzido em estaleiro
nacional, com o nome de Marinheiro João Cândido.
O gaúcho encruzilhadense João
Cândido Felisberto, o Almirante Negro, faleceu com 89 anos de idade, no dia 06 de dezembro de 1969,
no Rio de Janeiro.
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