Neste 05 de julho, relembramos um acontecimento marcante para todos os gaúchos e, especialmente, para alguns tradicionalistas, como o administrador deste Blog, Jairo Reis, autor da narrativa que reproduzimos a seguir:
Eu e o Papa:
A Secretaria de Turismo do Estado entendeu que
seria importante aproveitar aquela ocasião para mostrar ao sumo pontífice,
alguns aspectos da cultura e da tradição do Rio Grande do Sul. Para
tanto, mobilizou as lideranças tradicionalistas da época para organizarem uma atividade. Expoentes como
Paixão Côrtes, Barbosa Lessa, Rodi Borghetti, Edson Otto, Nico Fagundes,
Onésimo Duarte e tantos outros, uniram-se para elaborar e oferecer um grande
espetáculo ao Papa.
Foram convocados cerca de 200 cavalarianos e as
cinco melhores invernadas de danças tradicionais gaúchas da época, que representavam
os CTGs Brazão do Rio Grande de Canoas, Aldeia dos Anjos de Gravataí, 35 CTG de
Porto Alegre, Maragatos de Porto Alegre e Coronel Chico Borges de
Santo Antônio da Patrulha, da qual eu era integrante.
Ao lado do Gigantinho, um cenário com cinco tablados,
era abraçado pelos gaúchos à cavalo, posicionados numa espécie de
parábola. Nos referidos palcos, sob o comando do mestre Paixão Côrtes,
os grupos apresentaram, de maneira conjunta, as danças: Pezinho, Balaio e
Tatu-Novo.
Encerrado o encontro no Gigantinho, o Papa embarcou
no “papamóvel” para dirigir-se ao próximo compromisso. Ao passar pelo cenário
da apresentação das invernadas artísticas, o veículo parou para que João Paulo
II assistisse ao espetáculo.
O "Santo Padre" gostou tanto do que viu
que, para surpresa de todos, resolveu descer do veículo e caminhar até os tablados onde estavam os dançarinos, estendendo sua mão e abençoando a todos que tocava.
Querendo posicionar-se mais ao fundo, onde casualmente
eu estava, o Papa estende o braço esquerdo buscando apoio para o seu caminhar.
Ao perceber aquela "santificada" mão vindo em minha direção, agarrei-a e, desta forma, conduzi João Paulo II com segurança, posicionando-o ao meu lado.
Respeitosamente o abracei, pousando minha mão esquerda sobre seu ombro, num
gesto de acolhimento àquela ilustre e santificada figura. Momento de
emoção e de energia inenarráveis para aquele “guri” de apenas 20 anos de
idade.
As imagens daquele dia foram veiculadas em diversas emissoras de
TV, jornais da época, como Zero Hora e Folha da Tarde, e também numa edição
especial da Revista Manchete, uma
das mais prestigiadas do país na década de 80, publicada no início do mês de agosto.
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Foto de página inteira, publicada na Revista Manchete, em agosto de 1980. |
Após 45 anos, completados neste dia 05 de
julho, eu ainda sinto desmedido orgulho e uma pontinha de emoção, pelo
privilégio de ter sido um dos personagens daquele acontecimento marcado pela
arte e pela religiosidade.
Lembro com saudades dos peões e prendas que, como
eu, vivenciaram aquela sensação indescritível.
O grupo do CTG Chico Borges, naquela ocasião, esteve
formado pelos seguintes pares: Jairo Reis e Ana
Santos; Sirângelo Cardeal e Silvânia Cardoso; Luiz Ângelo
(Gigio) e Silvana Gil; Márcio Teixeira e Rosi
Santos (Zica); Luiz Carlos Ferreira (Luizinho) e Andréa
Gil.
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Credencial de Acesso ao Evento |
Lamentavelmente o Márcio, o Luizinho, o Zé João, o
tio Waltor, o tio Djalmo e o meu pai Jarcy, já faleceram, mas os demais, graças a Deus, estão
por aí, “firmes na paçoca”.
Para ilustrar este relato, publico algumas
fotos daquele dia. Numa delas, eu apareço ao lado do Papa. Sou o jovem barbudo,
usando um chapéu de copa alta, camisa branca e colete escuro.
Divido com vocês, leitores do Blog, esta narrativa e algumas imagens abençoadas deste acontecimento marcante para todos os gaúchos e especialmente inesquecível pra mim.
Grato pela atenção e uma baita abraço.
Jairo Reis
05/07/2025