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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

23ª VIGÍLIA, SOB A ÓTICA DE JANAÍNA MAIA

Recebemos da cantora Janaína Maia esta emocionada e muito bem elaborada manifestação sobre a 23ª Vigília do Canto Gaúcho, realizada no ultimo final de semana, na cidade de Cachoeira do Sul.   Coisa de fundamento que merece ser propagada.
Confiram:

Vigília, um festival maravilhoso! 

Foi com alegria que neste final de semana assisti a um festival maravilhoso, que encheu minha alma de melodias, momentos e sensações que só quem ama a música pode compreender. Sem o compromisso de ser um concorrente, “degustei” a apresentação de todas as composições participantes do evento de Cachoeira do Sul, que chegou com muito sucesso a sua 23ª edição. (Fazia tempo que eu queria me dar este presente.)

A felicidade foi tanta que resolvi registrar aqui alguns momentos marcantes. A competição inaugurou, na sexta-feira, com belíssima música interpretada por um diferenciado cantor, Leonardo Díaz Morales, por sinal muito bem acompanhado por um timaço de instrumentistas, que acabou conquistando o 2º lugar da Linha Manifestação Riograndense com a obra “As ruínas que o tempo não restaurou” de Ramires Monteiro. 

A divisão em duas linhas, a Manifestação Riograndense e a Campeira, foi iniciativa que muito me agradou, pois propiciou espaço reservado para duas vertentes distintas, porém complementares da música do nosso pampa, trazendo diversidade de temas e arranjos, aprovada pelo público presente, que reuniu muitas famílias.

Foi, sem dúvida, um privilégio assistir artistas consagrados do nativismo como Jari Terres, com sua voz tão rica, tão personalíssima ou sentir a energia do Grupo Parceria com a interpretação sempre pulsante de João Quintana. Foram momentos históricos.

Grata surpresa foi apreciar as vozes de artistas jovens como Juliano Moreno, natural de Santana do Livramento e Francisco Oliveira (Paim), de Alegrete, ambos com um “baita” recurso vocal! Muito linda também foi a interpretação de Cristiano Fantinel que defendeu a composição “Cidade e Campo”, de Maximiliano Tchêtuco e Davi Teixeira (Santo Augusto), uma forte concorrente para premiações. Mas, foi impressionante assistir o cantar de outro jovem, Matheus Leal, de São Gabriel, que se sagrou Melhor Intérprete do festival pela sua impecável atuação em “Estância Solita”, premiada em 1º Lugar da Linha Campeira, com autoria de Edilberto Teixeira (em memória) e Carlos Leal (“Foguera”). Matheus viveu a música e cantou com estilo próprio. 

Outra participação incrível foi a do Grupo Mas Bah, premiado em 1º Lugar da Linha Manifestação Riograndense. Que lindo! Que raro ouvir um grupo vocal tão afinado e sintonizado! Defenderam com elegância a poética “Vigília do Amor” (de Cleiber Rocha e Luiz Godinho) que não consigo parar de cantarolar!

A presença feminina no palco esteve muito bem representada por Fernanda Lopes, cantora do Grupo Mas Bah, e por Analise Severo, talentosa cantora que desta vez estava como apresentadora do festival, encantando a todos com sua simpatia, voz e beleza. Sozinha, mas com muita competência conduziu o cerimonial do grandioso festival. Outra prenda se destacou no evento, foi Keyla Machado, cantora e tecladista que ao acompanhar o grande Dante Ramon Ledesma em seu show, impactou a todos com a clareza, beleza e força da sua voz! Amei a apresentação dela e do querido Dante, que continua cantando demais e nos trazendo um som andino, índio, de liberdade, que toca profundamente nossa sensibilidade. Já como instrumentista Clarissa Ferreira, com seu violino, trouxe ainda mais requinte para as músicas em que lindamente tocou. Que bela presença!

Tive a oportunidade de cantar no show do maridão, Wilson Paim. Antes de participar com duas músicas, fiquei só na volta do palco curtindo o som e a voz de suas canções! Sucessos e novidades do seu 44º CD apresentados com muito bom gosto por ele e um grupo maravilhoso: Luiz Correa (acordeon), Márcio Rosado (violão), Wilson Paim Filho (violão), Diego Herencio (baixo) e Rafael Martins (percussão). Realmente, um luxo ouvi-los e ser acompanhada por eles.

O festival estava todo lindo. Os compositores, músicos e intérpretes estão de parabéns. Não conseguirei aqui mencionar o talento de quase uma centena de criadores e executantes envolvidos, mas todos devem saber da imensa contribuição que estão dando a nossa cultura. Congratulações estendidas, é claro, aos organizadores, apoiadores e patrocinadores.

Tenho certeza que a 23ª Vigília chegou em tão alto nível musical pelo comprometimento ético dos jurados que, foi visível, só selecionaram “filés”, resultando em um repertório tão rico que me fez lembrar dos anos mais memoráveis de Califórnia da Canção. Minha admiração aos jurados Vaine Darde, Wilson Paim, Carlos Madruga, Jean Kirchoff, Dante Ramon Ledesma e Rafael Teixeira Chiappetta. Tomara que os responsáveis pelas programações musicais de rádios e TVs se interessem por este material tão valoroso que chegará, daqui alguns meses, em CD, gravado ao vivo.

No aconchego do CTG Tropeiros da Lealdade, a Vigília do Canto Gaúcho realizou o que o seu próprio nome simboliza: defender a arte produzida aqui no Sul e dar ensejo a sua plena manifestação! Viva nossos festivais nativistas!

Janaína Maia
Cantora e produtora cultural

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