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AGENDA NATIVISTA 2024

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terça-feira, 10 de novembro de 2020

GRUPOS TINHAM NOME NOS ANTIGOS FESTIVAIS

Lá no início do movimento nativista, nas décadas de 1970 e 1980, quase todos os grupos de músicos que  amadrinhavam os intérpretes nos  diversos festivais de música que aconteciam pelo Rio Grande afora, tinham um nome. Alguns destes conjuntos já eram bem conhecidos, outros uma carreira incipiente. Mas a grande maioria daqueles elencos tinha uma trajetória efêmera. Eram formados para cada edição e nominados de acordo com o festival e até mesmo em alusão aos temas abordados nas canções que defendiam.  Hábito esse que instigava a imaginação de seus integrantes na hora de batizar o time. O resultado, eram alcunhas criativas que remetiam a temáticas como amizade, folclore, aspectos históricos, linguajar gauchesco, sem esquecer, é claro, de expressões bem humoradas e até mesmo jocosas.  

Costumeiramente o nome do intérprete era sempre seguido do nome do grupo que o acompanhava, mas não raro, as canções eram defendidas por conjuntos, sem destacar o solista vocal.

Analisando nosso acervo de canções oriundas de festivais nativistas, desde o nascedouro do movimento nativista, a partir da realização da 1ª Califórnia, no ano de 1971, até o final da década de 1980, constatamos diversas denominações para os referidos grupos. 

A seguir,m relacionamos alguns exemplos, iniciando pela “célula mater” do movimento nativista do RS.


CALIFÓRNIA DA CANÇÃO NATIVA - URUGUAIANA
Interpretação:                                                  Músicas:
César Passarinho e Os Uruchês                         O Último Grito  
Ademar Silvio e Os Cambarás                          Colorada
César Passarinho e Os Fogoneiros                    Negro da Gaita  
Edson Otto e Os Cantores dos 7 Povos             Esquilador
Luiz Carlos Borges e Grupo Horizonte             Tropa De Osso
César Passarinho e Grupo Carqueja                  Romanceiro Da Erva Mate
Mario Barbará e Grupo Nascentes                     Desgarrados
Jorge André e Grupo Boca Da Noite                 Pandorga
Leonardo e Os Serranos                                     Tertúlia
Leopoldo Rassier e Os Tiarajus                         Não Podemo Se Entregá Pros Home
Eraci Rocha e Grupo Turuna                              Das Salamancas
Luiz Carlos Borges e Grupo Ana Terra              Sucessão
Mario Barbará e Grupo Saracura                       Campesina
Clemar Gugliemi e Os Mirins                            Jujo Ideia
Dante Ramon Ledesma e Os Guenoas               O Grito dos Livres
Pery Souza e Grupo Canto Livre                       Missioneiros Combatentes


FESTIVAL DA MÚSICA CRIOULA - SANTIAGO
Interpretação:                                                  Músicas:
Nenito Sarturi e Grupo Reduções                      Cantando Meu Pago
Miguel Marques e Grupo Boca do Monte         O Guasqueiro
Leonardo e Os Guapos                                       Velha Figueira
Fábio Matos e Grupo Yaguaretê                         Zé Caminha
Antônio Oleziak e Grupo Nhambiquaras           Enchente
João Quintana e Grupo Parceria                         A Chuva
Pedro Neves e Grupo Itapevi                             Avançando
Ney Dumont e Grupo Pega de Arranque           Bugio Virado
Luiz Carlos Borges e Grupo Americanto          Guitarra
Cézar Lindemeyer e Os Lendários                    Vertente, Caminho e Foz
Antônio Gringo e Os Quatro Ventos                  Lições de Vida e Saber
Luiz Bastos e Grupo Canto Piá                          Negra Rita


ACAMPAMENTO DA CANÇÃO NATIVA - CAMPO BOM
Interpretação:                                                  Músicas:
Eraci Rocha e Grupo Província                         O Espantalho
Joãozinho Pereira e os Açorianos                      Pobre de Ti
Juliano Jasvoski e Grupo Guabiju                     Canto de Adeus do Velho Peão
Jorge Onofre e Grupo Braseiro                          Braseiro
Pedro Neves e Grupo Campesinos                    Pito Que Pito
Delcio Tavares e Grupo Coivaras                      Rio Toropi
Daniel Torres e Grupo Piazada                          Pajador
Antônio Xavier e Grupo Bombeador                Parceira Guitarra
Flávio Hanssen e Grupo Raiz Nativa                Peão Sapateiro
Delcio Tavares e Os Posteiros                           Serenata Campeira
Delcio Tavares e Grupo Fandango                    Afina a Ponta da Tropa
Oristela Alves e Tambo do Bando                    Jardim de Párias
 
CIRANDA MUSICAL TEUTO-RIO-GRANDENSE - TAQUARA
Interpretação:                                                    Músicas:
César Passarinho e Grupo Som Campeiro          Que Homens São Esses
José Araújo e Tchê Barbaridade                          Bugio Azarado
 
RECULUTA DA CANÇÃO CRIOULA – GUAÍBA
Interpretação:                                                     Músicas:
Rui Biriva e Os Fronteiriços                                 Desquerenciados
Elmo de Freitas e Os Campeiros                          Campeiro
Neto Fagundes e Grupo Sem Fronteiras               Canção Das Estações
 
RONCO DO BUGIO – SÃO FRANCISCO DE PAULA
Interpretação:                                                     Músicas:
Leonardo e Os Monarcas                                      Levanta Bugio
Jaime Ribeiro e Os Provincianos                          O Que é o Bugio
Itajaíba Matanna e Os Nativos                              Bugio da Serra e da Fronteira
Adriano Lima e Grupo Candeeiro                        Posteiro Serrano
Pedro Neves e Os Paladinos                                 Marca do Pago
  
MOENDA DA CANÇÃO – SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA
Interpretação:                                              Músicas:
Cardozinho e Os Filhos de Bagé                   Cana, Dor e Doce                                                
David Menezes e Os Incompreendidos         Recaída de Bacudo
 
GAUDERIADA DA CANÇÃO NATIVA – ROSÁRIO DO SUL
Interpretação:                                                    Música:
Tio Nanato e Grupo Liberdade Gaúcha              Um Gaiteiro à Moda Antiga
 
CHIMARRÃO DA CANÇÃO MISSIONEIRA – CORONEL BICACO
Interpretação:                                                    Músicas:
João Chagas Leite e Os Sulinos                          Velho Angico
Rui Biriva e Grupo Camoatin                             Chimarrão
 
É claro que existem dezenas de outros exemplos, mas esta postagem é insuficiente para apontá-los. 
 
Infelizmente, esta prática, muito efetiva até o final da década de 1980, foi mermando até tornar-se rara nos palcos e nos discos dos festivais de trinta anos pra cá.  
Mas por que esse costume tão interessante, bonito, de relevante valor cultural e imaginativo, parou de acontecer?
Faltou engenhosidade às gerações de músicos e compositores que vieram depois?
Foi uma estratégia (profissional/comercial) para evidenciar as carreiras individuais dos intérpretes?
Será que a imodéstia e o egoísmo de alguns foi maior que o interesse coletivo?
Este fenômeno criativo foi ocasional, fadado ao desaparecimento?

Estas e outras perguntas talvez tenham resposta nos depoimentos daquele que atuaram nesse já distante ciclo festivaleiro ou, quem sabe, nos pontos de vista dos que integram o movimento nativista nos últimos 30 anos.

Toda e qualquer colaboração sobre este tema, será muito bem recebida.   

3 comentários:

  1. Bom dia amigo Jairo, muitas perguntas são feitas na busca de respostas para tua abordagem.
    Dentro das várias hipóteses de respostas que podemos trazer para tua indagação, creio eu no meu ponto de vista, que a resposta mais pertinente seja:
    - Que naquela época o músico participava de tal festival tocando em apenas uma obra, podendo assim erguer uma bandeira (nome do grupo) e os festivais tinham o poder na mídia de alavancar a carreira de tal grupo.
    Creio eu que os regulamentos eram diferentes.
    Poderia ficar questionando tantas possibilidades, mas enfim.
    Abraço

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  2. Os interpretes, autores e musicos deveriam, nem que fosse para um só momento (1 festival) criar um projeto ou seja, um grupo pra "defenderem" aquele trabalho, podendo ter continuidade. Seria tratar "com mais carinho" a sua obra, mais seriedade, emoldurá-la. É fácil, basta querer.

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  3. Baita matéria"! Porém, faltou citar grupos talentosos e premiados como o Grupo Caverá e o Grupo Status.

    Baita abraço do Cleiber Rocha.

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