Uma das imagens mais propagadas nestes dias marcados pela enchente que dilapidou o Rio Grande, mostrava um cavalo no alto do telhado de uma casa quase que totalmente submersa.
Inspirado naquela cena emblemática, principalmente para nós gaúchos, que temos o cavalo como animal símbolo, o poeta Osmar Ransolin, gaúcho radicado na cidade de Fraiburgo/SC, lavrou estes bonitos versos que ora reproduzimos e que tu podes apreciar, ouvindo a interpretação do próprio autor, amadrinhado pelo músico
Kayke Mello, clicando no link abaixo:
Era um monumento vivo
Dos andarengos da Ibéria
Que mesclou em cada artéria
O ancestral primitivo,
- Cara limpa, lombo nu -
Que carregou o xirú
Pelas terras missioneiras
E que tombou nas fileiras
Das tropas de Tiarajú.
Não era só um cavalo...
Era a própria imagem
Do Rio Grande açoriano,
Que alargou meridianos
Pelas rotas de passagem,
Era o cavalo selvagem
Rasgando campo e fronteira
Perdido na polvadeira
Ou entre a chuva e o vento,
E que invadiu Sacramento
Com Dom Cristóvão Pereira.
Não era só um cavalo...
Era o esteio da lida,
Que a cada marcha tropeira
Se fez alma aventureira
Pra ofertar a própria vida,
E nesta saga sofrida
De desbravar o sertão,
Percorreu cada rincão
Desse Brasil continente,
Sustentando nossa gente
Pra erguer uma Nação.
Não era só um cavalo...
Era um herói da terra
Que a história não menciona,
E que o covarde abandona
No entrevero da guerra!
Que vendo a morte, não berra,
Porque engole o sofrimento
- Soldado sem regimento
Da velha estirpe proscrita -
Que foi garupa pra Anita
E montaria de Bento.
Não era só um cavalo...
Era o Rio Grande em pelo!
E no horizonte da incerteza
Enfrentou a natureza
Neste último atropelo,
Tostado sem marca e selo
Pelo-duro que se amansa,
Que na rédea é uma balança
E na vida é um regalo
Cavalo que é bom cavalo
Pro trabalho, e pras crianças.
E não era só um cavalo...
Era também um amigo,
E um amigo não fica pra trás...
Parabéns poeta Osmar Ransolin !
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