Já faz vinte e três anos que atuo
como profissional de imprensa, sendo a maior parte deste tempo dedicado a
divulgação dos festivais de música e de poesia que acontecem em quase todos os
finais de semana no Rio Grande do Sul e até mesmo em Santa Catarina.
Uma das tarefas,
que julgo mais importante e prazerosa, é a elaboração da Agenda dos Festivais, trabalho
que sempre propaguei em todos os espaços midiáticos que ocupei e ainda ocupo.
Ao realizar este levantamento
de dados, chamou-me sempre a atenção o fato de que o mês de novembro costumeiramente concentra o
maior número de eventos. Esta constatação novamente se confirma em 2019, ou
pelo menos se projeta.
Mais uma vez o
calendário de novembro está repleto de festivais. Confiram:
Data: Festival:
02: 6ª Tertúlia da Poesia - Santa Maria
08 e 09: 2º ETA em Canto - Viamão
08 a 10: 34º Ponche Verde - Dom
Pedrito
08 a 10: 27ª Tertúlia Nativista -
Santa Maria
14 a 16: 12º Canto Missioneiro –
Santo Ângelo
15 a 17: 2ª Esquila e Vindima -
Encruzilhada do Sul
15 a 17: 9ª Jerra da Canção
Nativa - Santa Vitoria do Palmar
16: 28ª Vigília do Canto Gaúcho -
Cachoeira do Sul
21 a 23: 8º Canto de Luz – Ijuí
22 e 23: 12º O RG Canta
Cooperativismo - Venâncio Aires
22 a 24: 16º Canto da Lagoa -
Encantado
30 a 1º/12: 17º Sinuelo da Canção Nativa
– São Sepé
Percebam que, para o primeiro final de semana de novembro, dias 01 e 02, apenas 01 (um) festival está confirmado. Já no segundo fim de semana, entre os dias 08 e 10, aparecem 03 (três) eventos. No terceiro final de semana, de 14 a 17, estão programados 04 (quatro) festivais. No quarto e último fim de semana, apenas 01 (um) evento está previsto para os dias 30/11 e 1º/12.
A partir da ratificação destes
dados é muito provável que tenhamos 12 festivais pulverizados nos 05 (cinco)
finais de semana do mês de novembro de 2019.
Mas por que estas
coincidências persistem anualmente?
Será que é por razões financeiras? Creio
que não. A carência de recursos existe durante
o ano inteiro.
Será por motivos climáticos?
Talvez seja. Em novembro já não faz frio
e nem é tão quente.
Será por irredutibilidade?
Pode ser. Alguns festivais são integrados
a uma programação maior, cuja data tradicional não pode (?) ser alterada.
Justificativas não
faltam.
Ah! E nos outros meses do
segundo semestre a situação não é muito diferente. Em julho, por exemplo, ocorreram 04 (quatro)
festivais. Em agosto, 08 (oito) eventos. Agora em setembro, já houve 01 (um) e restam
mais 05 (cinco) festivais. E no mês de outubro, serão realizados 09 (nove)
festivais. Total de 27 (vinte e sete) episódios
em 4 meses. Em contrassenso, nos primeiros 06 (seis) meses de 2019, apenas 11
(onze) festivais foram produzidos.
Algumas tentativas
oficiais de se equalizar um Calendário Anual de Festivais foram empreendidas lá
no início dos anos 2000. Apesar dos engajamentos e dos esforços da Secretaria
Estadual de Cultura, do IGTF, e de uma entidade chamada ACOFEM (ainda existe??),
aquelas tratativas restaram infrutíferas pelas mais diversas alegações.
Acredito, porém, que a principal
causa para as frequentes coincidências de datas, é a inexistência de diálogo prévio
entre os promotores de festivais (produtores culturais, prefeituras,
associações, CTGs, etc...). Alguns destes agentes culturais,
quando chamados a colaborar, preferem adotar uma espécie de auto ostracismo,
até o momento em que a volta ao convívio se mostrar oportuna.
Conheço gente que comemora
a coincidência de datas, sob o argumento de que tal fato possibilita a
participação de um número maior de profissionais da música e, por conseguinte, gera
mais oportunidades de renda para os mesmos. Até pode ser. Mas neste caso, interesses pecuniários de determinado
segmento profissional estariam suplantando os objetivos basilares de um
festival de música/poesia, quais sejam: de incentivar a criatividade poético-musical gaúcha; propagar as potencialidades
socioeconômicas, culturais e históricas do município anfitrião; promover o
acesso à cultura para todas as classes sociais; entre outros artigos
presentes nos regulamentos destes certames.
Não cabe a mim emitir juízo
sobre tais procedimentos, mas a relativa experiência por mim acumulada, me
permite atestar que, na verdade, cada um defende o seu próprio interesse, ou quando muito, da
comunidade que representa, quase sempre desdenhando eventuais possibilidades de
acordo ou negociação com os demais interessados em alcançar o bom senso. Tal
atitude não chega a ser egocentrismo, mas se aloja em reduto semelhante.
Meus amigos. Além de
atuar na imprensa, presto serviços como produtor de eventos,
sobretudo de festivais, há mais de duas décadas. E é lastreado pela minha acentuada dedicação a estas
duas ocupações profissionais que me senti à vontade para exarar a opinião acima,
que pode até ser contestada, sem problemas, desde que de maneira educada e com
o propósito de conduzir o assunto ao caminho do entendimento.
Aproveito este registro, para
convidar aos demais colegas produtores culturais, a idealizarmos uma ação conjunta
que vise organizar, elaborar e unificar um Calendário de Eventos que seja provido
de credibilidade e que sirva de referência para todos aqueles que ambicionam crescimento
para os Festivais e sucesso para os trabalhadores do cenário nativista gaúcho.
Estou totalmente a disposição.
Abraços.
JAIRO REIS
Produtor e comunicador
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