A imagem do cavalo inerte sobre um
telhado, uma das mais representativas do trágico momento pelo qual o Rio Grande
do Sul passou (e ainda passa), continua a inspirar poetas e compositores gaúchos.
A mais recente criação é a milonga
intitulada Visões de um Quadro Incoerente, que tem melodia do veterano cantor e
compositor Marco Aurélio Vasconcellos, um dos precursores dos festivais
nativistas, composta em cima de uma letra de autoria dos poetas Diego Muller e
Martin César.
O poema chama atenção para
simbologia da cena do cavalo em cima do telhado e sugere que nós humanos, tenhamos
mais cuidados com a natureza.
Segundo os autores da letra, a
poesia passeia pelas cenas da catástrofe ambiental que assola o Estado, bem
como faz questionamentos e críticas quanto à responsabilidade humana em meio ao
caos. É a mãe natureza mandando um recado: para termos um futuro, temos que cuidar
da nossa única casa, que é a terra, concluem os poetas.
O autor da melodia, tradicional parceiro musical dos letristas, diz que gostou muito
da letra e sentiu-se à vontade para musicá-la. Solicitou ao virtuoso violonista
Maurício Marques a criação do arranjo e em seguida gravou a canção em estúdio.
Como ouvir:
Visões de um Quadro
Incoerente
Letra: Martim César/Diego Müller;
Melodia: Marco Aurélio Vasconcellos;
Arranjo, violão e contrabaixo: Mauricio Marques
Interpretação: Marco Aurélio Vaconcellos
Confere a letra:
Um cavalo no telhado...
Pergunta que nos invade:
O erro está nesse quadro
Ou talvez na humanidade?
Quem olha não acredita
Nessa visão incoerente
Mas a descrença do crente
Não vê no cavalo ilhado
Algo mais que só um quadro
Tão triste em sua beleza...
Não crê que é a mãe-natureza
Que está mandando um recado
Pois quem destrói a floresta
Quem corta as matas ciliares
Quem suja os rios e os mares
Quem tira a Terra dos trilhos
Está apertando o gatilho
Que mata a própria esperança
Pois vai deixar como herança
Tão só um deserto a seus filhos
Um cavalo no telhado...
Pergunta que nos invade
O erro está nesse quadro
Ou talvez humanidade?
Quem olha não acredita
Em tanta casa invadida
Pelas águas, consumidas
Na força brutal dos rios
Tempo de dor, desvario
Cobrando a conta do homem
De um ser que a tudo consome
Em meio a pratos vazios
Muito anda acontecendo
Num mundo que era normal
Mas quem planta o próprio mal
Colhe o mal, logo ali em frente
A natureza não mente
E nos avisa - em alarde -
Que o amanhã já será tarde
Pra quem não cuida o presente.
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