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Reproduzimos a seguir, os bonitos versos criados pelo poeta Rogério Villagran, inspirado na representativa imagem da Estátua do Laçador, Monumento Símbolo da Capital dos Gaúchos, ilhada em sua coxilha particular, situada em frente ao Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre.
Parabéns Rogério! Pela inspiração e sensibilidade.
Acompanha a poesia, ouvindo a interpretação do declamador Rodrigo Medeiros, clicando na imagem acima ou no link abaixo:
NO QUE PENSAS, LAÇADOR?
No que pensas, laçador?
No topo desta coxilha,
Olhando longe, em vigília,
Tal qual fosse um “bombeador”
Sei que escutas o clamor,
Do teu povo que padece,
E grita em forma de prece,
Num desespero, profundo,
Pedindo socorro ao mundo,
Que em descompasso, estremece.
Olhando longe, em vigília,
Tal qual fosse um “bombeador”
Sei que escutas o clamor,
Do teu povo que padece,
E grita em forma de prece,
Num desespero, profundo,
Pedindo socorro ao mundo,
Que em descompasso, estremece.
Tento imaginar a ânsia,
Que tu deve estar sentindo,
Vendo as águas destruindo,
Sonhos e apegos de infância,
Sei que ao olhar na distância,
Cuidando o curso do vento,
Ressente, neste momento,
Mágoas, que pra trás ficaram,
Dos que te aprisionaram.
Neste bloco de cimento.
Que tu deve estar sentindo,
Vendo as águas destruindo,
Sonhos e apegos de infância,
Sei que ao olhar na distância,
Cuidando o curso do vento,
Ressente, neste momento,
Mágoas, que pra trás ficaram,
Dos que te aprisionaram.
Neste bloco de cimento.
Porém, eu tenho certeza,
Que se tu fosse liberto,
Enfrentaria o incerto,
Destino das correntezas,
Mostrando a tua destreza,
Ombro a ombro, braço a braço,
Sem fraquejo, sem cansaço,
Frente ao que te habilita,
Pra salvar vidas aflitas,
Com armada do teu laço...
Que se tu fosse liberto,
Enfrentaria o incerto,
Destino das correntezas,
Mostrando a tua destreza,
Ombro a ombro, braço a braço,
Sem fraquejo, sem cansaço,
Frente ao que te habilita,
Pra salvar vidas aflitas,
Com armada do teu laço...
No que pensas, Laçador?
Capataz, da capital,
Quando deste pedestal,
Pode sentir o pavor,
Dos que te pedem, o favor,
De apertar barbela e cincha,
Pondo na testa uma vincha,
Pra sair em campereada,
Pois muitos, nesta invernada,
Estão sem chão e sem quincha.
Capataz, da capital,
Quando deste pedestal,
Pode sentir o pavor,
Dos que te pedem, o favor,
De apertar barbela e cincha,
Pondo na testa uma vincha,
Pra sair em campereada,
Pois muitos, nesta invernada,
Estão sem chão e sem quincha.
Se eu pudesse, companheiro,
Te arrancava deste asfalto,
Pra que tu, num sobressalto,
Alçasse a perna ligeiro,
Mostrando o tino campeiro,
Floreando o pingo num upa,
Contra o que mais te preocupa,
Nestas horas de urgências,
Quando um filho da querência,
Tira um irmão na garupa.
Te arrancava deste asfalto,
Pra que tu, num sobressalto,
Alçasse a perna ligeiro,
Mostrando o tino campeiro,
Floreando o pingo num upa,
Contra o que mais te preocupa,
Nestas horas de urgências,
Quando um filho da querência,
Tira um irmão na garupa.
No que pensas, Laçador?
Quando o teu olhar se expande,
Sobre o teu velho Rio Grande,
Que sempre foi promissor,
E agora carrega a dor,
Angustiante, insistente,
Que eu garanto que tu sente,
Suporta, mas não compreende,
Se o teu laço não se estende,
Ao alcance da tua gente.
Quando o teu olhar se expande,
Sobre o teu velho Rio Grande,
Que sempre foi promissor,
E agora carrega a dor,
Angustiante, insistente,
Que eu garanto que tu sente,
Suporta, mas não compreende,
Se o teu laço não se estende,
Ao alcance da tua gente.
Se puderes, algum dia,
Te livrar deste concreto,
Há de haver algum decreto,
Que tenha força e valia,
Te firmando a garantia,
De que algum outro escultor,
Não te prenda, laçador,
Te condenando, de novo,
A somente olhar o teu povo,
Deste triste parador.
Te livrar deste concreto,
Há de haver algum decreto,
Que tenha força e valia,
Te firmando a garantia,
De que algum outro escultor,
Não te prenda, laçador,
Te condenando, de novo,
A somente olhar o teu povo,
Deste triste parador.
Ah esses poetas gaúchos! Tem a capacidade de expressar em prosa e verso os nossos mais profundos sentimentos.
ResponderExcluirCaro Jairo, neste momento de tanta tristeza por ver e viver o sofrimento do nosso povo, assistimos pessoas que se "voluntariam" pra socorrer de tantas formas e nos enche de orgulho da nossa gente e mais ainda quando poetas, como tu, aliviam com tanta sensibilidade a nossa alma. Obrigado
ResponderExcluirMuito bom, parabéns pela homenagem ao povo Gaúcho.
ResponderExcluirMuito bom, parabéns pela homenagem ao Povo Gaúcho!
ResponderExcluirEu, Antonella Caringi, organizadora e gestora da obra monumental do escultor pelotense Antonio Caringi autor do Laçador, convido a todos os interessados a seguir o perfil do artista @escultorantoniocaringi e vinculá-lo seja em quaisquer publicações em que a imagem da obra seja utilizada. Conforme a LDA 9610/98 é direito moral do escultor mais ativo do RS entre as décadas de 30 a 60 do século passado e que em 2025 completa 125 anos, ter seu nome vinculado à sua obra. Informo ainda a quem possa interessar que o conjunto da obra do artista não é de Domínio Público, possui direitos autorais reservados e estão sendo formalizadas acões através da gestão para a tragédia que assola o estado do RS. Em nome da familia do artista agradeço ao Rogério por dar voz à obra de Antonio Caringi, símbolo do nosso estado.
ResponderExcluirSiga o perfil: @rscultorantoniocaringi, marque compartilhe.
Att
AntonellaCaringi