sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

SUPREMACIA DA MILONGA

Aqueles que acompanham o nosso trabalho no ambiente da comunicação, provavelmente perceberam o rotineiro interesse e a satisfação que temos em elaborar e publicar dados estatísticos resultantes dos trabalhos de pesquisa e processamento de informações que efetivamos, sobretudo no ambiente do nativismo gaúcho. Por favor, entendam como Nativismo, exclusivamente o universo inerente aos festivais, de música e de poesia. 
Nosso mais importante projeto neste sentido é o "Destaques dos Festivais", que promovemos desde o ano de 1998, quando a internet ainda era discada e nem se sabia o que eram "redes sociais". 
No começo, divulgávamos o resultado apenas nos veículos de comunicação aos quais estávamos vinculados. Mais recentemente, passamos a entregar troféus aos agraciados, em grandes encontros, marcados pela confraternização e pela amizade recíproca.  Coisa linda de se ver. 
Bueno, mas voltemos a estatística e as curiosas revelações que a junção destes dados nos proporciona.    
Uma destas constatações, diz respeito aos gêneros musicais das canções e das obras instrumentais vencedoras dos festivais de música do ano de 2018, cujo desfecho gostaríamos de dividir com os amigos a partir de agora.

Nos festivais de Música Instrumental, foram considerados 7 (sete) trabalhos premiados com o Primeiro Lugar.  Os gêneros musicais ficaram  configurados da seguinte forma:        
Chamamé               02
Milonga:                 02                              
Samba/Choro:       02                              
Vaneira:                 01
 No universo dos festivais de Canções (letras com melodia), foi registrada a existência de 13 (treze) gêneros musicais distintos, entre as 38 composições premiadas em Primeiro Lugar.
Acreditamos não ser surpresa para ninguém, o predomínio da Milonga, que pode ser constatada em 19 (dezenove) das músicas vencedoras.  Ou seja, metade das canções que obtiveram premiação máxima nos festivais é Milonga.

Vejam a relação dos ritmos que frequentaram os palcos dos festivais e saíram consagrados:  
Bugio:                       01
Chacarera:              02
Chamamé:              04
Chamarra:              02
Cifra:                       01
Maçambique:        01
Milonga:                19
MPB:                      01
Polca:                     01
Samba:                  02
Toada:                   01
Valseado:              02
Zamba:                  01

A par destes números, nos sentimos impelidos a encaminhar um questionamento aos  compositores, músicos e demais entendedores do assunto:    
Que razões poderiam explicar a supremacia da Milonga no universo do nativismo gaúcho ? 

Um comentário:

  1. Creio que o primeiro motivo é que a milonga é um dos gêneros mais maravilhosos do universo. Mas há um motivo quantitativo: a maioria dos demais ritmos tem poucas variáveis, ou seja, um chamamé pode ser mais lento ou mais corrido, o mesmo pra zamba, valsa, etc., porém a milonga tem uma imensa variabilidade. A diferença entre uma milonga normal e uma milonga arrabalera, por exemplo, é muito maior do que a diferença entre uma polca lenta e uma polca rápida, pois não é só o andamento que difere, é a intensidade, o lugar do tempo forte, são quase dois ritmos diferentes. Além disso você pode fazer milonga que lembre bossa nova, baladinha, há músicas que entram nos festivais que são híbridas de candombe e milonga, e são inscritas como milonga, por que o gênero é bem elástico. Essa elasticidade pode ser um dos fatores determinantes para essa estatística, além da beleza! Vinícius Santos

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