Juca Reis, Milton Santos, Pedro Reis, Jairo Reis e Rivadávia Barreto: Comissão Organizadora do Patrulha |
Estamos no dia 02 de junho.
A passagem desta data trouxe a minha
memória as primeiras ações empreendidas por um
pequeno grupo de tradicionalistas, que eu tive a honra de liderar, naquele
primeiro semestre do ano de 1987, em favor da criação do CTG Patrulha do Rio Grande, de Santo Antônio da Patrulha.
Naquela
época o CTG Coronel Chico Borges, então o único da cidade, vivenciava conflitos
administrativos internos que impossibilitavam sua plena atividade. Em
decorrência daquela inércia, o espírito tradicionalista em Santo Antônio da
Patrulha passava por uma crise motivacional.
Eu, que
recém havia voltado pra Santo Antônio, após seis anos cumprindo exercício
profissional em Santa Catarina e em São Francisco de Paula, ao deparar-me com aquela
inadequada situação, fiquei preocupado com o destino que aquela realidade
poderia reservar à tradição gaúcha na minha cidade.
Por ser
à época um tradicionalista atuante, não poderia deixar a coisa como
estava. Senti-me na obrigação de tentar modificar pra melhor aquele
quadro e pelear para revigorar o ânimo tradicionalista na comunidade
patrulhense. A partir daquele momento, passei
a procurar pessoalmente a outros bombachudos, também descontentes com a
situação, a fim de ouvir suas opiniões e, principalmente, mobilizá-los à uma
tomada de posição.
A
primeira numa noite de maio, na casa do Pedro Reis, meu irmão. Nessa ocasião,
já estavam alguns que depois viriam a ser parceiros de ideal. Depois daquele primeiro encontro, continuei
fazendo contatos, motivando a parceria e, como resultado do meu esforço, uma
nova reunião foi agendada, tendo como pauta
“a situação da tradição gaúcha em nossa cidade e o que se poderia fazer
para reavivar o ânimo tradicionalista”.
A
programada reunião aconteceu, sob a minha coordenação, na sede da AABB, numa
noite chuvosa, em meados do mês de maio de 1987. Como recompensa, saboreamos um
delicioso carreteiro preparado pela Eunice Laranjeira.
Depois
de calorosa troca de ideias e sugestões, os cerca de vinte participantes, cujos
nomes ficaram registrados em ata, dentre os quais me incluo, concluíram que,
diante das razões expostas, seria muito difícil uma tentativa de reaproximação
e até mesmo de participação no CTG co-irmão, ficando entendido que o melhor
caminho poderia ser a criação de uma nova entidade tradicionalista. Esgotados
os argumentos, foi então marcada uma nova reunião para o dia 02 de junho, sendo
sugerido a cada um dos participantes que convidasse para o próximo encontro,
pelo menos mais um tradicionalista. E assim aconteceu.
Na
noite de 02 de junho de 1987, compareceram cerca de quarenta gaúchos formando a
primeira assembleia, desta feita presidida pelo meu irmão Pedro Reis. Eu
preferi ficar de secretário, tarefa para a qual ninguém, exceto eu, se
apresentaria como voluntário.
Argumentos,
teses e explicações foram emitidas e na sequência, como primeiro ato daquela
assembleia, foi decidido por unanimidade que seria criada uma nova entidade
tradicionalista em Santo Antônio da Patrulha.
Passada
a euforia inicial, foi lançado o desafio para que os participantes sugerissem
nomes para o “filho” que recém havia nascido. Vários nomes foram sugeridos,
mas aquele que granjeou a aclamação da maioria esmagadora dos participantes foi
CTG Patrulha do Rio Grande, proposto pelo sócio fundador Rivadávia
Barreto.
Bueno,
o CTG estava criado e já tinha até nome...
mas quem o administraria em seus primeiros momentos de existência?
Ficou
determinado então, pelos participantes da assembleia de 02 de junho, que seria
formada uma Comissão Organizadora, cuja incumbência principal seria encaminhar
e efetivar os procedimentos burocráticos iniciais para a existência
jurídica da entidade.
A referida
Comissão, com mandato de um ano, foi constituída da seguinte forma:
Presidente: Pedro José de Oliveira Reis
Secretário: Jairo Reis
Segundo
Secretário: Rivadávia Barreto
Tesoureiro:
Milton dos Santos e
Segundo
Tesoureiro: José Lima dos Reis (Tio
Juca)
Ficou
definido também que todos os participantes daquele encontro seriam considerados
como sócios fundadores do CTG Patrulha do Rio Grande.
A
partir daquela data, novas reuniões foram realizadas, durante as quais foram
eleitos o lema e o brasão da entidade.
O lema
“Gaúchos de pé, defendendo o nosso chão”, foi sugerido pelo radialista e
sócio-fundador Arli Corrêa.
O
brasão, ou distintivo, do CTG foi criação do jornalista e artista plástico
Flávio Holmer da Rosa.
No
restante do ano de 1987, apesar das críticas de alguns tradicionalista mais
conservadores e até mesmo da resistência de parte da sociedade patrulhense, a
comissão organizadora não se “achicou”, programando e promovendo diversas ações
que firmassem o nome do novo CTG no âmago da comunidade. As primeiras
domingueiras e o primeiro fandango com o Grupo Os Vacarianos, tiveram como
local o Clube Recreativo Patrulhense, gentilmente cedido pelo presidente da
época, José Francisco Ferreira da Luz, o Zezo. Em agosto de 1987, o
Patrulha participou ativamente da realização da 1ª Moenda da Canção Nativa,
festival que surgia no universo do nativismo gaúcho.
Mas o
maior evento promovido pela entidade nos vinte primeiros anos de vida, quiçá dos
trinta, foi sem sombra de dúvida o grande fandango comemorativo ao
primeiro aniversário do Patrulha, no dia 10 de junho de 1988, no Ginásio de
Esportes Caetano Tedesco. Naquela ocasião memorável, animada pelo conjunto
Os Serranos, foram comercializadas 176 mesas e vendidos cerca de 1.500
ingressos, sem contar os mais de 200 associados em dia e seus dependentes
que entraram de graça.
No ano
seguinte, em 10 de junho de 1989, o fandango de 2º Aniversário foi realizado no
Salão Paroquial da Boa Viagem, animado pelo cantor Leonardo e Grupo Rodeio.
Naquela ocasião foi empossada a primeira patronagem eleita do CTG, tendo como
Patrão o tradicionalista Pedro Reis, meu irmão.
No mesmo
evento foi eleita em concurso e enfaixada a primeira Primeira Prenda da
história do CTG, a jovem Marisa Ramos.
Nos
anos seguintes as atividades promovidas pelo Patrulha, ou que contavam com sua
participação, foram aumentando em número e alcançando cada vez mais
sucesso. Sucesso este que nós, eu e aqueles trinta e poucos idealistas,
nos sentimos orgulhosos em termos iniciado a construir.
Parabéns
à patronagem e aos associados do CTG Patrulha do Rio baita pelos 30
anos de amor à tradição.
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